Na aula passada você viu um pouco sobre improvisação. Naquela aula, meu objetivo era desmistificar para você o improviso, mostrando que qualquer um pode realizar essa tarefa, se seguir algumas orientações e treinar. Hoje eu vou apresentar para você alguns pontos importantes para introduzir o assunto do improviso. A partir de agora, vamos entender o mundo do improviso e botar a mão na massa!
Todo mundo sabe que música é uma arte. Mas existem duas formas diferentes de manifestar essa arte: com reprodução decorada e com improvisação. Música é uma arte, isso todo mundo sabe. Mas existem duas formas diferentes de manifestar essa arte: com reprodução decorada ou com improvisação. A primeira delas é a mais óbvia, onde você aprende uma música e a reproduz realizando duas tarefas:
- Tarefa cerebral: decorar os trechos necessários
- Tarefa motora: reproduzir o trecho decorado
Já no mundo da improvisação existe o fator surpresa, a imprevisibilidade e a criatividade instantânea. Para realizar isso nos deparamos com:
- Tarefa cerebral: ativar o sentido improvisador
- Tarefa motora: reproduzir com reflexo os sentidos do cérebro
Parece meio abstrato, não? É por isso que a improvisação cria uma identidade única entre o som e o músico. Mas aprender isso é difícil?
A mentira do caminho curto
Muitas pessoas tentam improvisar sem sucesso e pedem ajuda para um músico mais experiente ou procuram na internet por cursos de improvisação. O engraçado é que as respostas costumam ser sempre as mesmas:
“Tem que saber as escalas…”; “Vai tocando de ouvido…”; “Sente a música e cria um solo…”.
Então você se pergunta: como?
É comum encontrarmos vídeos dizendo: “vamos ensinar como usar a escalas maiores no improviso“, onde o professor mostra o desenho das escalas e logo depois faz alguns solos com a intenção de que você aprenda vendo ele improvisar. Ele é quem faz tudo e você só assiste e torce para ter alguma inspiração. Repare que as pessoas que “ensinam” a improvisar geralmente passam a impressão de que é fácil e que o caminho é curto, então você se sente um incapaz por não conseguir “pegar o jeito”. Já vi muitos alunos passarem por essa fase, e ela é perfeitamente normal, eu também passei por isso. Nessa história existem duas mentiras: que o caminho é curto/limitado e que para você é impossível conseguir.
Treinar é a chave do sucesso
Para adquirir velocidade é preciso treino. Para se ter precisão é preciso treino. Para desenvolver dinâmica é preciso treino. E para se improvisar? O que precisa? Não existe fórmula mágica, a resposta é simples: treino. O problema está em como fazer esse treino e como ele pode ter resultados da mesma forma que você vê resultados quando repete um exercício e obtém velocidade. Afinal existe exercício para improvisação? Ou o processo é místico?
A resposta é sim, existe exercício para se aprender a improvisar. O ideal é ter um método passo-a-passo que exercite seu cérebro e sua capacidade motora ao mesmo tempo. Porque existe uma maneira de fazer você enxergar o teclado como um campo de possibilidades, não como uma região militar de cumprimento de regras. Quando você estuda teoria, às vezes fica difícil enxergar a prática, aplicar e se sentir confortável sem um passo-a-passo que sirva de ponte entre sua vontade, seu conhecimento e o objetivo final que é improvisar. É para preencher essa lacuna entre teoria e prática nas próximas aulas vou facilitar seu processo de aprendizado com alguns exercícios que ajudem nessa tarefa.
Velocidade e Feeling são tudo, ou existe algo mais?
Você já deve saber daquele clichê básico: “velocidade não é tudo; é preciso feeling!”, mas basta ter velocidade e feeling (saber executar trechos rápidos com técnica e perfeição, além de colocar sentimento com qualidade tocando poucas notas em momentos oportunos) para ser um guitarrista perfeito? De onde vem a criatividade?
A teoria musical existe para potencializar essas qualidades que acabamos de citar. Um escritor profissional escreve textos interessantes porque tem conhecimento sobre diversos assuntos e sabe utilizar corretamente as palavras. Mesclando sua técnica de escrita com o conhecimento do tema, surgem as ideias de frases e parágrafos que formam os textos. Na música é a mesma coisa. Se você apenas tiver técnica (saber reproduzir e colocar as notas no momento certo), não vai ter conteúdo. Esse conteúdo é conhecer oportunidades harmônicas para aplicar determinadas notas e evitar outras. É ter segurança para criar automaticamente um solo em qualquer música. A aula de hoje serviu para introduzir um pouco mais sobre o assunto do improviso. Agora que você acredita e está confiante que pode improvisar, nas próximas aulas vou passar alguns exercícios sobre o assunto para você já ir treinando.
Até a próxima. Qualquer dúvida ou sugestão, deixe seu comentário!